O que as mulheres reivindicam?

A luta atual do feminismo, que reúne o coletivo de mulheres, mas também convoca os homens à participação em um novo cenário sociopolítico

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Que já estamos em uma nova era do feminismo, parece não
haver dúvida. Ainda que as fronteiras entre a tradição e os novos ares do ambiente social continuem em choque, e se estranhem
no percurso que vai da intolerância, passa pela indiferença, até chegar ao patamar da compreensão, os efeitos sensíveis tendem a revelar gradual adaptação do chamado senso comum à realidade. A luta atual do feminismo, que reúne o coletivo de mulheres, mas também convoca os homens à participação em um novo cenário sociopolítico, não se limita apenas ao aspecto formal da lei, naquilo que exige o m da violência contra o corpo e a consequência inevitável em desfavor da dignidade da mulher, mas se lança à democrática conquista pelo aprimoramento e a ampliação do papel e dos direitos das mulheres na sociedade.

Conquanto os avanços tenham sido signi cativos no campo da remuneração individual, quando se foca a atenção somente em casos pontuais de mulheres que alcançaram valorização pro ssional à altura da sua capacidade, na grande maioria elas ainda continuam sendo avaliadas em circunstâncias que as desprestigiam no lugar de apontar-lhes oportunidades que as recomendem aos melhores cargos da hierarquia funcional, na justa e livre concorrência com todos os homens, sob o princípio de “trabalho igual, salário igual”.

Outro aspecto não menos importante é o do respeito à identidade moral, aqui signi cando o capital de dignidade a que já nos referimos, e que dá à mulher, além da necessária preservação da privacidade do seu corpo físico, a garantia de que se trata antes de um ser humano e, como tal, deve contar com a ampla e irrestrita proteção da sociedade. Nas manifestações femininas, quer nos lugares públicos quanto nos espaços restritos a representações de classe, conquanto se observem as bizarrices das aparições “top less”, o que até pode ser considerado um descrédito se colocado na balança de uma avaliação isenta, as mulheres propõem um novo discurso no tratamento, não somente da maneira como querem

ser vistas, na condição de produtoras de ideias e riquezas, mas, principalmente, no relacionamento maduro que apontem com clareza a fronteira entre o desejo consentido e as impropriedades do comportamento autoritário e infantil.

Daladier Carlos

Moleque de Brasília e de Xerém

Após a saída de outros jogadores importantes como Gustavo Scarpa e Henrique dourado, Marcos Júnior assumiu a posição de titular absoluto e estrela do time. são 8 gols na temporada e 35 no total. suas atuações vêm sendo elogiadas pelos torcedores e também pela imprensa esportiva

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Xerém é uma localidade municipal de Duque de Caxias que ca próxima à Região Serrana do Estado do Rio de Janeiro. A princípio um lugar tranquilo para viver, longe dos grandes centros urbanos. Mas com um diferencial em relação às outras cidades da região. Além do ar puro vindo das montanhas, o local respira futebol.
Lá o Fluminense Football Club mantém um Centro de Treina- mento específico para a base. São ao todo sete campos, sendo um de grama artificial. Academia, dormitório para 90 atletas e mais de 120 mil m2 de área utilizada. O clube oferece ainda aulas de inglês e palestras que ajudam no desenvolvimento físico, mental e técnico dos futuros craques.
O CT Vale das Laranjeiras tem uma loso a de jogo própria e uma metodologia de treino para cada categoria, que vai do Sub 11 ao Sub 20. Os Moleques de Xerém vêm de toda parte do Brasil e de outros países também. Um deles se chama Mar-

cos Júnior Lima dos Santos e veio de Gama, Distrito Federal, quando tinha 12 anos.

“Vim em busca do meu sonho, molequinho ainda. Quem me trouxe foi o tio Alexandre. Antes eu nem gostava de futebol. Mas ele me colocou no esporte. Fez isso com meus primos também. A ideia era tirar a gente da rua. Deu certo. Aprendi a jogar bola. Aos poucos fui gostando. Foram duas semanas de testes. Passei e fiquei”.

Foi a primeira conquista importante na carreira do atacante tricolor. Apenas o começo. Logo viriam outros desafios, ainda maiores, que para um atleta de ponta sempre existirão. “Primeiro ano foi muito difícil a adaptação. Não sabia se iria chegar no mesmo nível dos companheiros. Eles estavam a mais tempo e jogavam muito. Outro problema era não conhecer o Rio de Janeiro e dava um certo medo as coisas que eu via pela televisão. Fiquei 10 meses sem sair da concentração”. Marcos Júnior, porém, sempre foi uma promessa da base, onde teve boa atuação. Foi artilheiro isolado em 2011 pelo Campeonato Brasileiro Sub 20 com 8 gols marcados e convocado para servir a Seleção Sub 18 e Sub 20. Marcou 2 vezes na primeira convocação. “Naquela época, não tinha condições de trazer a família pra assistir a nenhum jogo no Rio. Mas meu pai conseguiu me ver numa final de Copinha e foi muito emocionante pra mim. Ele mora em Brasília e, da parte dele, quase todos são de lá”.

Muita coisa mudou desde então. Em 2012 subiu para o pro s- sional e foi três vezes campeão: Taça Guanabara, Campeonato Carioca e Campeonato Brasileiro. E o técnico era o mesmo, Abel Braga. Perdeu espaço em 2013 com novas contratações. Chegou a ser emprestado em 2014 para o Vitória da Bahia. Voltou em 2015, mas continuou na reserva. Em 2016, foi herói e autor do gol do título da Taça da Primeira Liga. Em 2017, outra Taça Guanabara no currículo. Este ano ganhou a Taça Rio.

E, apesar da eliminação nas semi nais do Campeonato Carioca 2018 com o Vasco da Gama vencendo o jogo no minuto nal dos acréscimos, o Moleque de Xerém vem vivendo um bom momen- to no Fluminense. Após a saída de outros jogadores importantes como Gustavo Scarpa e Henrique Dourado, Marcos Júnior as- sumiu a posição de titular absoluto e estrela do time. São 8 gols na temporada e 35 no total. Suas atuações vêm sendo elogiadas

pelos torcedores e também pela imprensa esportiva. “Além de jogador, sou atleta. Sempre gostei de trabalhar dentro e fora de campo com empenho e determinação. Nunca deixei de acreditar no meu potencial. E quando estava na reserva procurava traba- lhar mais ainda. Em nenhum momento me acomodei. Sabia da minha importância no clube, no time. E quando as oportunidades foram aparecendo, fui aproveitando. Acho que agora chegou meu momento. Um momento muito importante na minha carreira. Espero manter e crescer”.
UM TORCEDOR EM CAMPO
Com apenas 25 anos, Marcos Júnior é considerado um jogador veterano. Ele mesmo diz que aconselha os mais novos. Fala com cada um, individualmente. E além dos conselhos anda oferecendo também recompensa para quem der passe para um gol dele. “É uma brincadeira. Um trato que z com eles durante a pré-temporada nos Estados Unidos. Disse que quem desse assistência, ganharia 100 reais. E acabou acontecendo. Claro que durante o jogo ninguém pensa nisso. Mas deu certo e continuei. E na final da Taça Rio o valor foi mais alto”. Armação que gerou curiosidade e a mesma pergunta sem resposta. Até hoje ninguém sabe quanto, porque ele jurou guardar segredo.
Ao contrario da paixão que sente pelo clube, que é totalmente declarada. “Meu amor pelo Fluminense começou na base e aumenta a cada ano que passa, junto com minha responsabilidade. Não está só nos treinos e jogos. Está em casa. Tem até bandeira, uniforme para meu lho, que também é tricolor. É um sentimento que não sei explicar. Sou um torcedor dentro de campo”. E quando não pode jogar, ca na torcida. “Sou corneteiro. Falo muito. Reclamo quando o jogador erra, quando deixa de marcar. Um torcedor normal”. E talvez seja o motivo dele ser tão impetuoso. Já entra no jogo pilhado, com muita vontade de acertar.
IDENTIFICAÇÃO COM APELIDO DA TORCIDA
Tem um personagem de desenho animado chamado Kuririn, que assim como o jogador é careca, baixinho e musculoso. “Em 2015 a torcida já me comparava com o personagem. Só que eu não levava muita fé em imitá-lo dentro de campo. Meus amigos queriam que eu fizesse a comemoração de um gol com KameKameha, que é o poder que ele solta quando vai lutar. Diziam que ia ser bacana. Resolvi fazer num jogo contra o Flamengo, quando marquei duas vezes e ganhamos de 4 x 0”. Agora virou uma marca. Esta na foto de per l do jogador, nas mídias sociais, nas páginas o ciais do clube, nas resenhas esportivas, nas graças do torcedor. Não tem mais como parar. “Vou fazer sempre”.
SIMPLICIDADE ESPALHADA PELO MUNDO
Marcos Júnior ainda mora em Xerém. É casado com uma moradora
local, Dayane Simões. Eles têm um lho de 2 anos. Muito caseiro,
aproveita a tranquilidade do lugar para descansar dos jogos, treinos e viagens. Também gosta de passar o tempo curtindo o pequeno Pedro, com espaço para brincar. Preferiu reformar a casa a ter que mudar. Às vezes, o atacante tricolor caminha pelo sol sem camisa ou anda de bicicleta. Mas não é muito de sair. Prefere ver desenho ou jogar vídeo game.

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Ele não é o único. É até surpreendente o número de pessoas que acabam criando raízes no lugar. Pais, que foram somente para estarem ao lado dos lhos que sonham com a vida de jogador profissional e quando eles partem, resolvem car. Famílias que mantêm suas casas, retornam, visitam ou passam férias e estão constantemente lá. Tudo porque Xerém tem aquele jeito simples de interior, está a 40 minutos do Rio e tem toda estrutura para quem quer morar num espaço tranquilo e revigorante.
A população é acolhedora. Existe uma grande integração dos moradores com os jovens aspirantes do CT. Eles são reconheci- dos nas ruas pelo jeito único de andar, falar e vestir. E frequentam, além do comércio, igrejas e pracinhas. A convivência traz aquele sentimento recíproco de carinho que perdura para além dos anos de estadia. E quando conseguem a tão sonhada carreira profissional no futebol, eles continuam sendo chamados Moleques de Xerém em todo lugar. Seja no próprio Fluminense, a instituição formadora e de preferência dos atletas, ou em outros clubes espalhados pelo Brasil e pelo mundo, quando negociados.

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Thiago Silva do Paris Saint-Germain, Marcelo do Real Madrid, Gerson da Roma, Kenedy do Newcastle, Marlon do Barcelona, Maicon do Antalyaspor, Rafael do Lyon, Fábio do Middlesbrough e Alan do Guangzhou Evergrande são eternos Moleques de Xerém. Eles têm orgulho das origens e do lugar. Nogueira, Matheus Alessandro, Marquinhos, Calazans, Pedro, Lucas Fernandes, Danielzinho e Mateus Norton são a nova geração dos garotos revelados na base do Tricolor Carioca. E tem também outras crias do CT Vale das Laranjeiras espalhados pelo Brasil, como Wellington Nem e Diego Souza do São Paulo, Welington Silva do Internacional, Digão do Cruzeiro, Arouca do Atlético Mineiro e Fernando Henrique do Ceará. Além de ex-jogadores como Roger Flores que perpetuam o nome do lugar como fonte inesgotável de craques, histórias e recordações.
E como se não bastasse, Xerém abriga ainda o Estádio Los La- rios, que pertence ao Esporte Clube Tigres do Brasil e o Estádio Romário de Souza Faria, também conhecido como Marrentão ou Tamoio, propriedade do Duque de Caxias Futebol Clube. Até quem não é boleiro ca com vontade conhecer. Então que tal ir lá visitar? Chega no portão, bate palmas e grita: E como se não bastasse, Xerém abriga ainda o Estádio Los Larios, que pertence ao Esporte Clube Tigres do Brasil e o Estádio Romário de Souza Faria, também conhecido como Marrentão ou Tamoio, propriedade do Duque de Caxias Futebol Clube. Até quem não é boleiro ca com vontade conhecer. Então que tal ir lá visitar? Chega no portão, bate palmas e grita: “Oh de casa, Marcos Júnior está?”, espere para ouvir a voz que vem do outro lado do muro para avisar: “Tá não. Foi ali receber prêmio de melhor atacante na Seleção do Campeonato Carioca 2018”.
Rosária Farage

Fotos: Erica Matos

Amigo, a que vieste?

Todo passo dado na mesma direção ata vidas por meio da cumplicidade, do alvo mútuo e da partilha das conquistas. cada instante dividido faz a alma ceder espaços até o ponto de misturar as personalidades, os gestos, pensamentos e convicções, e é por todas estas razões que não há relacionamentos sem dores

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Certamente, como os demais, Judas atendeu prontamente ao chamado do Mestre. Andou junto, comeu junto, viveu junto e tinha muito em comum. Foi chamado de amigo, tra- tado como amigo e foi, sim, amigo de Cristo.

Sendo amigo então, dando-se conta do mal que cometera, não resistiu e enforcou-se, cometendo, por m, seu maior e verdadeiro erro: entregar-se ao remorso em vez de buscar um legítimo arrependimento. Em poucos dias, havendo o amigo ressuscitado, teria alcançado o perdão que, entretan- to, somente Pedro recebeu.

Muito cedo ensinaram-me uma óbvia, mas importante, lição de vida: só os que nos são caros são capazes de ferir-nos a alma. Inimigos não decepcionam e não traem, fazem apenas aquilo que deles esperamos. São as pessoas que amamos que nos machucam, nos ferem e nos fazem chorar doloro- samente. São os amados que nos dão ou tiram o prazer e o desejo pela vida.

O outro é sempre um imprevisto e isso torna caro cada mi- nuto investido num relacionamento. Todo passo dado na mesma direção ata vidas por meio da cumplicidade, do alvo mútuo e da partilha das conquistas. Cada instante dividido faz a alma ceder espaços até o ponto de misturar as perso- nalidades, os gestos, pensamentos e convicções, e é por todas estas razões que não há relacionamentos sem dores. Se “amigo é pra se guardar no lado esquerdo do peito”, qualquer disfunção não sanada pode matar. As feridas po- dem sangrar até a morte ou cicatrizarem-se pela reconcilia- ção, um bálsamo exclusivo do arrependimento e do perdão.

É um bálsamo do arrependimento porque este clama inces- santemente pelo perdão e torna viável a aceitação daquele que falhou, oferece à cicatrização a con ssão e abandono do erro, distinguindo-se muito do remorso, que só gera ver- gonha, fuga e tormento, anestesia as emoções, impossibilita o choro e não impede a reincidência do erro. Arrependimen-

to é a semente que gera vida onde, sob quaisquer outros aspectos, só haveria possibilidade de morte.

É um bálsamo do perdão porque este é a capacidade so- bre-humana do amor de não considerar o dano em prol da reintegração, reinserção e reatamento. É o ensino de Cristo registrado em Lucas 6.29: desconsiderar a ofensa a ponto de pôr-se em risco de sofrê-la outra vez, do mesmo modo. Diante de um legítimo arrependimento, perdoar não é uma opção, mas um mandamento que nos aproxima de Deus e nos viabiliza também seu próprio perdão.

A reconciliação é, dessa maneira, o fruto natural do arre- pendimento que encontra o perdão. É o milagre que faz o cristal, outrora quebrado, novamente íntegro. O milagre que zera dívidas, apaga mágoas e lança os erros no mais distante passado. É a reconciliação que veste com a melhor roupa, põe o anel no dedo e as sandálias nos pés.

Fujamos então da nossa natural semelhança com Judas! Que sejamos capazes de ir além do remorso e deixemos que Cristo nos conduza sempre ao verdadeiro arrependi- mento, certos de que, em todas as manhãs, ele nos oferta seu perdão, e busquemos, por conseguinte, a semelhança com nosso perdoador, deixando o coração limpo e livre para encontrar-se também com o arrependimento daqueles que em algum momento da caminhada nos feriram.

Que, na reconciliação, as mãos se encontrem novamente, que os abraços ressurjam, que as palavras gerem novamente o riso e o contentamento, e que então, no verdadeiro perdão, as almas mutuamente se restaurem e tornem juntas ao caminho da vida.

“E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós também te- mos perdoado aos nossos devedores; e não nos deixes entrar em tentação; mas livra-nos do mal. Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos per- doará a vós; se, porém, não perdoardes aos homens, tampou- co vosso Pai perdoará vossas ofensas” (Mt 6.12-15).

Marcelo Belchior

60 anos genial bossa da nova

A bossa nova é um turbilhão em um só estilo. ela ao mesmo tempo consegue ser limpa, clara, desconexa, ritmada, complexa, simples, dando uma “cara” tão    sofisticadamente carioca

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“Só privilegiados têm o ouvido igual ao seu / Eu possuo apenas o que Deus me deu / Se você insiste em classi car / Meu comportamento de antimusical / Eu mesmo mentindo devo argumentar / Que isto é Bossa Nova, isto é muito natural” (Desa nado – Tom Jobim – 1958)

1958 foi um ano que marcou a música brasileira. Foi o ano da Bossa Nova, uma revolução musical que resultou em um dos movimentos mais in uentes da história da Música Popular Brasileira, que chega aos seus 60 anos e continua encantando com sua singular genialidade.

Gênero musical bem nascido, a bossa nova desabrochou na Zona Sul do Rio de Janeiro e foi a reformulação estética dentro do então moderno samba carioca urbano com        influência no Jazz, no choro e no blues.

O novo estilo musical foi fundado por João Gilberto Prado Pereira de Oliveira, o baiano bossa nova que encantou e en-

canta com sua batida rítmica ao violão, caracterizando o movimento com suas performances intimistas que romperam com as tendências anteriores da música popular do Brasil, resultando nessa mistura tão nossa, tão caracteristicamente carioca, brasileira e tão genial.

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Depois de apresentar a maravilha musical ao mundo, João hoje vive trancado em seu apartamento no Leblon. O pai da bossa nova tem hoje 86 anos e vive uma vida enclausurada há alguns anos. O que João Gilberto tem de gênio, tem de confuso. Dono de um “ouvido absoluto”, isto é, um ouvido capaz de identi car sem esforço qualquer tom e qualquer nota, é perfeccionista ao extremo e já chegou a abandonar shows por conta de ar con- dicionado, que segundo ele desa nava o seu violão e também por conta do som que segundo ele estava mal equalizado.

O gênero genial ensolarado, leve e carioca encantou e continua encantando. A bossa continua viva nos ouvidos dos que apreciam a boa música. É um turbilhão em um só estilo, que ao mesmo tempo consegue ser limpa, clara, desconexa, ritmada, complexa, simples, dando uma “cara” tão sofisticadamente carioca.

Na primeira semana de abril, a irmã da bossa nova subiu aos palcos cariocas e estivemos lá para conferir de perto a performance de Bebel Gilberto.

_DSC6978 Bebel Gilberto - Show BEBEL GILBERTO - Abril 2018 - Foto CG

Isabel Gilberto de Oliveira tem música correndo no seu DNA. Filha de João Gilberto e Miúcha, sobrinha de Chico Buarque, nasceu nos Estados Unidos em 1966 e cresceu em Ipanema. Essa mistura fez com que Bebel continuasse o legado de levar a bossa para o mundo. Em 2000, Bebel inventou a bossa eletrô- nica, que assumiu os clubes de todo o mundo e se posicionou como uma das artistas mais vendidas do Brasil nos EUA desde os anos 60.

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No dia 5 vimos de perto que a bossa ainda é nova, ainda encanta e ainda é absurdamente genial. Bebel é autora de composições incríveis e deixa claro o por que tem “Gilberto” no seu nome. O pai de Bebel é o criador do gênero e talvez por isso ela tenha se apropriado com tanta coragem e ousadia da sua irmã “Bossa Nova” e a difundido pelo mundo afora, dando continuidade ao legado de seu pai, de Tom, de Vinícius e de tantos outros que participaram deste movimento musical tão peculiar e que enche o carioca e brasileiro de bom gosto musical de orgulho.

Em tempos de “composições musicais” tão desprovidas de bom senso, vale muito relembrar deste movimento ímpar, que apresentou de forma grandiosa a Música Brasileira para o mundo com sua batida, melodia e letras incrivelmente lindas, que encantou, encanta e continuará encantando. Quem dera surgissem movimentos novos com tamanha sofisticação harmônica, porque a bossa nova é genial!

Erica Matos