O país passa por momento delicadíssimo. seria muito bom
se nos uníssemos em uma causa comum. o futebol tem esse poder
O Brasil se afoga em corrupção.
Um ex-governador do Rio de Janeiro está preso: Sergio Ca- bral. Preso por muita, muita, uma enormidade de corrupção.
O ex-presidente da República, Lula da Silva, foi preso. O atual presidente, Michel Temer, faz malabarismos para não ser processado.
O futebol não é diferente, pelo menos fora dos gramados.
José Maria Marin, penúltimo presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), foi dar um passeio em Zurique, Suíça, e lá foi preso em operação do FBI. Aos 85 anos, cum- pre pena nos EUA. Deve ser condenado a 20 anos de tranca.
A prisão de Marin escaldou seu sucessor: Marco Polo Del Nero. Se Marin não tivesse saído do país, ainda es- taria desfrutando da riqueza amealhada por meios ilíci- tos em nosso vasto território nacional. Del Nero, depois da prisão de Marin, nunca mais saiu do Brasil. Negocia, agora, com autoridades norte-americanas para poder assistir à Copa na Rússia. Se for, talvez não volte.
Anteriormente, João Havelange (presidente da Confedera- ção Brasileira de Desportos – CBD – e da FIFA) e Ricardo Teixeira também sofreram graves acusações de corrupção.
Dentro dos gramados, no entanto, o futebol brasileiro vai bem. O otimismo para a conquista do hexa é grande. Na verdade, enorme.
Depois da acachapante lambada de 7 a 1, pespegada pelo escrete alemão, na Copa de 2014, parecia que leva- ríamos anos para nos recuperar. Não foi assim que acon- teceu. O Brasil, quatro anos depois do vexame, é nova- mente um dos favoritos a conquistar a Copa na Rússia.
O amor do brasileiro pelo futebol é genuíno. Em 1970, ano da conquista do tricampeonato no México, vivíamos sob ditadura militar. O general Emilio Garrastazu Médici, presidente na ocasião da Copa, era fascinado por futebol e o usava para popularizar o governo. Os opositores do
regime militar “resolveram”, então, não torcer pelo escre- te canarinho. A rme resolução acabou depois dos dois primeiros jogos: 4 a 1 sobre a Tcheco-Eslováquia e 1 a 0 em cima da, na época, poderosa Inglaterra.
Somos, sim, junto com Espanha e Alemanha, favoritos a conquistar na Rússia o hexacampeonato. O técnico Tite, com seu jeitão empolado, mas simpático, deu novo ânimo a uma seleção que sempre contou com grandes jogado- res que, hoje, integram as melhores equipes do planeta.
Os dois melhores jogadores de futebol a atuar nestes dias são, indubitavelmente: Leonel Messi e Cristiano Ronaldo. Logo de- pois deles, não é forçado dizer, vêm: Neymar, Marcelo e, por que não?, Philippe Coutinho, Casemiro, Gabriel Jesus…
Temos time e técnico, apesar dos pesares, e o brasileiro se entusiasmará com seus jogadores. Claro, sempre a depender da campanha do selecionado.
A Rússia vive um momento político delicado, por causa do envenenamento de um ex-espião russo e sua lha em território inglês. Ainda não há ameaça de boicote es- portivo, mas autoridades políticas de vários países não pretendem pisar em solo russo. O torcedor ignora esses imbróglios políticos e se concentra no futebol. Não sei se isso é bom. É fato, no entanto.
Em junho, tudo indica, a maioria dos brasileiros estará envolvida com o futebol (as diferenças políticas serão deixadas de lado por uns dias). Se a Seleção correspon- der às expectativas, haverá entusiasmo e ruas serão pin- tadas. Se não…
O país passa por momento delicadíssimo e merece dis- tender os nervos. Seria muito bom se nos uníssemos em uma causa comum. O futebol tem esse poder. Por isso mesmo, aproveitemos o mês de junho e festejemos o bom momento do futebol brasileiro, dentro dos grama- dos, é sempre bom frisar.
Utahy Caetano